Seguidores

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Contextualização sim, negociação das Verdades Não!


“ A responsabilidade do evangelho significa que ele é a resposta de Deus ao drama humano. Para comunicar o evangelho nesses termos, é preciso conscientizar a pessoa do problema humano, o que não é difícil. Essa fase, de comunicação indutiva, visa ajudar a pessoa perceber que a sua cosmovisão e experiência de vida têm aspectos que clamam por “novidade”. O evangelho responde, então, aos anseios e questões existenciais do ser humano, isto é, alusivos ao “problema do ser.”( Glauner da Silva Pereira.)
Gostaria de nesse ensaio mostrar a forma indutiva e contextualizada que Jesus usa em seu diálogo com Nicodemos em Jo3:1-15.
Quem era Nicodemos e qual era sua cosmovisão em relação ao Reino de Deus?
Nicodemos era um Fariseu. Segundo o Dicionário internacional de teologia do N.T, os fariseus “ eram homens que lutavam em prol da verdadeira fé e obediência a Deus, mas que se endurecera totalmente no formalismo, afastando-se do que buscavam- agradar a Deus”. Eram legalistas que equacionaram a tradição oral com a Lei do AT. Para eles o que importava era o cumprimento das regras ligadas a Lei e sua interpretação. A Lei tornou-se um fim em si mesma. Eram hipócritas diante dos homens e orgulhosos diante de Deus. Seu entendimento da Lei fazia com que os fariseus ficassem cegos diante da verdadeira oferta e reivindicação de Deus que vinha ao encontro deles em Jesus.
Nicodemos como um dos principais dos Fariseus, pertencia à fraternidade mais profundamente religiosa de todo o judaísmo. Era encarregado da liderança espiritual e moral da nação. “Como Mestre de Israel, era um teólogo preocupado com a verdadeira compreensão e ensino da revelação dada por Deus.”
“ A indagação final de Nicodemos caracterizou sua atitude durante toda a entrevista: Como pode ser isto? O verbo grego, traduzido por “pode”(dunamai), aparece seis vezes nos versos 2 e 9, como uma marca de um realista prático e cauteloso, senão cético, em todos os esforços humanos em transformar a natureza humana nesta vida.”Neste ponto que quero tocar. Sua cosmovisão totalmente intelectual a respeito de como encontrar a salvação. Jesus em contra partida quebra seus pré-supostos de capacidade humana e tira o foco do que o homem pode fazer e sim no que Deus pode fazer, e Jesus introduz a necessidade do Poder do Espírito necessário ao novo nascimento para a entrada no reino de Deus.
Jesus aqui , como quase sempre lança mão do método educativo, o que era uma de sua principais ocupações. Nicodemos o vê assim, quando o chama de Rabi, ele um homem letrado e de peso intelectual no Judaísmo. Seus pré-supostos são todos intelectuais em um incessante esforço humano de compreender as coisas do Reino de Deus. Um sinal disto é que Nicodemos vai à noite discutir teologia com Jesus, “ já que a noite era o momento , separado pelos homens ocupados, para discutir a Lei.” Ele reconhecia que Jesus vinha da parte de Deus devido aos sinais realizados por Jesus.
Nicodemos com seus cumprimentos formais e teológicos é quebrado pela resposta de Jesus que vai direto ao que ele precisava ouvir: Que era necessário nascer de novo para ver o Reino de Deus. Jesus dialoga com Nicodemos colocando as verdades diante Dele de forma a fazê-lo pensar e cada vez mais se deparar com sua incapacidade de compreender o que Jesus dizia e assim o levando cada vez a mais questionamentos os quais não conseguia responder com todo o seu intelecto, que na verdade era sua maior barreira: se livrar de uma consciência realista e arraigada ao estatus quo de sua posição.
Jesus fala de coisas terrenas para mostrar como Deus age, mas mesmo assim Nicodemos não podia compreender. Jesus então confronta toda sua base teórica, intelectual e legalista: “Se vos falei de coisas terrestres, e não creste, como crereis, se vos falar das espirituais?”Jesus mostra que o caminho a ser seguido não era que o ele trilhava em direção a verdadeira compreensão das verdades de Deus.
Ao desconstruir os pré-supostos nos quais Nicodemos se apoiava, Jesus começa a falar das coisas celestiais e lhe mostra o verdadeiro caminho. Jesus o ensina que somente se pode alcançar o reino de Deus, através da fé no filho unigênito e não através do intelecto e observância das Leis. Nicodemos por várias vezes mostra sua incredulidade ao usar o termo “pode” para questionar os ensinamentos do Mestre.
Nicodemos aprendera acerca da possibilidade de um nascimento espiritual, mesmo depois de se já ter nascido fisicamente. O texto nos mostra todo o tempo Nicodemos com grande dificuldade para mudar seus pré-supostos e sua métrica de pensamento, mas Jesus pedagogicamente (de forma a contextualizar-se) lida com Nicodemos como um Mestre, ensinando e lançando questões que mexiam com a lógica de seu pensamento, afim de desconstruir uma mente totalmente realista e intelectual desafiando-o a transcender seus pensamentos a uma realidade espiritual.
Eis para nós um grande desafio! Ir em direção a necessidade de quem ouve. A forma correta, vinda de Deus, para chegar aos corações de forma relevante e inteligível a cada um.
Em nossa época, quais são os desafios a serem transpostos? Estamos preparados? Lembrando sempre que somente homens e mulheres piedosos e verdadeiramente tementes a Deus podem cumprir a missão.
Ps:Aos queridos visitantes, prometo postar textos menores!Deixe sua opinião para somarmos!

Nenhum comentário: